by Kamy exalta a vida e a obra de Adriana Adam com novos tapetes e tapeçarias na Semana de Design de São Paulo 2021

À frente do departamento de desenho industrial da empresa, os anos passados na extinta loja Móveis Forma foram definitivos para a formação conceitual e estética da designer, assinalando o momento em que o gesto criativo passa a ser confrontado com a realidade produtiva. Por lá, Adriana toma contato com métodos e processos industriais. Com suas limitações, mas também, com suas amplas possibilidades. Participa da edição da primeira linha de móveis para escritórios produzida com tecnologia 100% nacional, ao mesmo tempo em que assiste a chegada ao Brasil da linha I Maestri, da Cassina italiana. Coleção que reeditou o mobiliário dos grandes mestres do modernismo internacional.

A coleção I Maestri leva Adriana a vislumbrar a ideia de também editar os clássicos do modernismo brasileiro. Associa-se à arquiteta Consuelo Cornelsen, ao designer Paulo Milani e ao empresário Zeco Beraldin e, em 1987, funda a Nucleon 8, tendo como sede um imóvel projetado por Flávio de Carvalho, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Marco definitivo para o design nacional, juntos eles editam a coleção Modernos Brasileiros, com móveis desenhados por Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha, entre outros. Uma atitude absolutamente arrojada para o mercado da época, que ainda oscilava entre o “colonial” brasileiro e os importados italianos. Referência na cena cultural paulistana, sob a direção de Adriana, a Nucleon 8 cedo se converte em ponto de encontro da vanguarda do design local.

A iluminação, mais precisamente, o desenho de luminárias foi, por certo, a área de atuação em que a designer mais se notabilizou. Desde sempre fascinada por novas tecnologias e materiais, em meio a novas lâmpadas, fios e transformadores, Adriana teve, enfim, a oportunidade de dar asas à sua criatividade. Focada em iluminação decorativa e ornamental, A Arquitetura da Luz, seu estúdio de iluminação sediado em um galpão na Vila Madalena, durante mais de duas décadas, representou a vanguarda do setor. Atuando em todo país, a designer iluminou de residências a hotéis, de jardins a mostras temáticas.

A resina de poliuretano é um material, antes de tudo, flexível. Com diversas aplicações, ela tem na sua ampla gama de cores e transparência duas de suas principais características. Desde sempre pautado pela pesquisa de novos materiais, o arquiteto e designer Gaetano Pesce fez dela sua matéria-prima fetiche. Com ela, já criou os mais diversos móveis e objetos, mas, também, pisos de grande resistência. Superfícies que revestem casas e escritórios, obtidas a partir da livre mistura de cores que, como em uma tela, jamais podem ser reproduzidas. Uma tecnologia inovadora, introduzida no Brasil por Adriana Adam, que, nos últimos anos de sua vida, se dedicou a difundi-la pelos mais diversos espaços do país.

Difícil precisar o momento em que a presença do arquiteto e designer italiano Gaetano Pesce passou a ser definitiva na vida de Adriana Adam. Mas, fato é que, desde então, ela se manteve viva durante toda sua vida. Talvez tenha sido a postura avant-garde, impressa em todos os aspectos de sua vida, que levou Adriana a tomar contato e admirar tanto a obra de Gaetano Pesce. Pessoalmente – ou por meio de “faxes” ou e-mails – a comunicação entre os dois, durante décadas, sempre foi permanente e intensa. Por pouco, não acabou se materializando em uma torre de apartamentos construída em São Paulo. Mas acabou se efetivando nessa coleção de tapetes desenvolvida pela By Kamy, que, singelamente, presta homenagem à beleza desse encontro.